Por muito tempo se acreditou que quanto mais horas os funcionários trabalhassem por dia, melhor seria a produtividade da empresa no final do mês.
Todavia, o que tem se observado é justamente o oposto, já que quanto mais horas extras os empregados fazem, maiores são as evidências da falta de rotinas eficientes e também maior é o desgaste na jornada seguinte.
Existem situações onde as horas extras são mais bem empregadas e aproveitadas, como em épocas de alta sazonalidade de vendas ou em momentos de aumento expressivo no fluxo de trabalho. Porém, o excesso delas pode ocasionar consequências negativas para a empresa, especialmente se não houver uma cultura organizacional pautada na otimização das horas trabalhadas.
1. Diminuição do rendimento nas jornadas regulares
A realização de horas extras com frequência pode ser prejudicial para as jornadas regulares de trabalho dos funcionários. Isso porque eles tendem a não descansar direito durante a noite devido ao menor período para dormir e ao próprio cansaço físico resultante do expediente prolongado.
Com o passar do tempo, o profissional pode acabar se sentindo exausto e doente, desenvolvendo problemas no sono. Essa condição é conhecida como burnout – esgotamento em inglês.
Conforme um estudo da Aragon Institute of Health Sciences, pessoas que trabalham mais de 40 horas por semana possuem 6 vezes mais chances de burnout do que as que possuem expedientes menores do que 35 horas semanais.
Dessa forma, trabalhadores que estejam passando por essa situação terão rendimentos menores e redução na produtividade. E isso pode se agravar caso eles desenvolvam problemas de saúde decorrentes dessa condição.
2. Aumento de riscos de segurança
Quanto mais tempo um ser humano trabalha, mais difícil fica manter suas funções cognitivas no máximo. Ou seja, após algumas horas de trabalho aspectos como atenção e concentração diminuem, enquanto que o tempo de resposta a estímulos é prejudicado.
Isso pode ser perigoso para empresas que atuam com produtos e serviços de alta periculosidade e insalubridade. Nesse grupo estão usinas, indústrias de produtos químicos, empresas de transporte de valores entre outras.
Porém, companhias de setores considerados mais seguros também podem sofrer com a queda do desempenho cognitivo de empregados, como as de transportes e logística. Pois, motoristas mais desatentos ou sonolentos podem gerar acidentes graves.
O mesmo vale para profissionais que precisam viajar ou se locomover constantemente durante o expediente usando veículos. Médicos que tenham de se dirigir a diferentes postos de atendimento após longas jornadas, bem como profissionais com rotinas semelhantes também se enquadram nessa situação. Aliás, esgotamento contribui com o aumento de erros médicos.
3. Aumento de ansiedade, estresse e perda de qualidade de vida dos funcionários
Muitos profissionais podem desenvolver problemas físicos devido a rotinas cansativas e longas, como lesão na lombar, aumento de pressão cardíaca e Lesão por Esforço Repetitivo (LER).
Transtornos relacionados à saúde mental também podem aparecer, como ansiedade e depressão, e junto deles altos níveis de estresse.
Além de questões ligadas ao trabalho, esses problemas podem se originar por conflitos familiares decorrentes do pouco período dedicado à família, já que se está trabalhando em grande parte do tempo que se teria para ela.
Por outro lado, nos momentos de folga é possível que se esteja mais irritadiço devido ao estresse, podendo provocar transtornos e incômodos para amigos e parentes.
Em outros casos, o receio por perder o emprego caso não se faça as horas extras também colabora para o desgaste emocional.
4. Ampliação do Turnover da empresa
Quando rotinas longas se tornam comuns nos ambientes corporativos, muitos funcionários procuram outros empregos e se demitem da organização. Isso provoca um círculo vicioso, pois os que saem deixam suas atividades para os colegas de equipe, os quais necessitam se empenhar mais para dar conta do aumento de trabalho até que outros profissionais sejam contratados.
Ou seja, o que antes já era puxado, começa a ficar mais difícil e cansativo. Consequentemente, alguns desses podem pedir demissão também.
E isso continua a se repetir de modo a impactar no turnover da empresa, gerando mais custos em processos seletivos, treinamentos e demissões. Sem falar no tempo perdido cada vez que se tem de ensinar as mesmas funções a um novo colaborador.
5. Aumento de absenteísmo e pedidos de licenças médicas
Aqueles que não se demitirem poderão apresentar outro comportamento: o absenteísmo. Ou seja, atrasos e faltas farão parte da rotina de muitos empregados insatisfeitos com as longas jornadas. Isso pode ser causado por insatisfação, fadiga ou porque em determinado momento sentiram necessidade de uma folga urgente.
Pedidos de afastamentos e licenças médicas também tendem a aumentar, principalmente por causa dos problemas de saúde mental e física mencionados anteriormente.
6. Dependência financeira de funcionários em relação às horas extras
Horas extras de trabalho são 50% mais caras do que as normais em dias úteis. Ou seja, elas podem gerar um bom dinheiro ao final do mês.
Devido a isso, muitos funcionários acabam incluindo esses rendimentos no orçamento, servindo como garantia para compras, parcelamentos, dívidas ou outras obrigações. Contudo, quando a empresa deixa de solicitar horas extras, esses empregados podem se sentir pressionados financeiramente. E isso se traduz em aumento do estresse.
Sem falar que muitos podem querer esticar o expediente mesmo que não seja preciso, postergando ou procrastinando atividades para depois do horário normal de trabalho. E, assim, continuar recebendo horas extras. Quem perde é a empresa e os próprios colaboradores, já que prejudicam sua saúde física e mental com o prolongamento das atividades.
7. Perda da qualidade das horas trabalhadas
Quando se tem mais tempo para se fazer uma atividade, a tendência é que a eficiência produtiva de cada hora diminua e aumente o tempo improdutivo.
A perda de foco e de capacidade de concentração ao longo das horas também acaba gerando desempenho menor.
Vale ressaltar que ao fazer longas jornadas de trabalho, além da diminuição da produtividade, a qualidade dos serviços e produtos também cai. O que pode gerar maior insatisfação nos clientes e até devolução de itens.
8. Problemas com legislação trabalhista
No Brasil não se pode realizar mais do que 2 horas extras por dia, sendo no máximo 10 por semana. Exceto quando houver acordo escrito, contrato coletivo de trabalho ou por motivo de força maior (para concluir projetos ou serviços inadiáveis, ou quando possam incorrer em prejuízos).
Caso a empresa desrespeite esse limite e essas condições, ela poderá ficar à mercê de ações trabalhistas. Aliás, ações envolvendo horas extras são campeãs no Ministério do Trabalho.
O excesso de horas extras pode indicar também falta de processos para produtividade do trabalho, além de deficiência no planejamento e na definição de políticas internas que visem aumentar o aproveitamento das horas trabalhadas.
É preciso definir estratégias que possibilitem a diminuição gradual das necessidades de horas extras ou uma correta distribuição delas em períodos de grande demanda. Nesse sentido, a adoção de um sistema de banco de horas contribui para a melhor gestão delas.
O planejamento das tarefas diárias e semanais também é fundamental para diminuir as horas extras. Dessa forma, é possível investir em ações que melhorem o desempenho individual e grupal.
Aliás, não se esqueça de assistir nosso webinário sobre planejamento semanal para saber mais sobre como organizar sua rotina e evitar horas extras desnecessárias!